Existem produtos químicos que apresentam poderes que se estendem além daqueles constituintes de alimentos que nós conhecemos? Perguntamos ao Dr. Manfred Kroger, professor da ciência da alimentação da Universidade da Pensilvânia. "A resposta é sim". De fato, muitos fitoquímicos, que já foram considerados sem valor, podem ajudar a prevenir doenças.
Apesar da pesquisa sobre os fitoquímicos estar apenas começando, novos achados estão surgindo de laboratórios universitários e parece que a cada dia surgem novidades fantásticas sobre algum alimento, como soja ou repolho, que, repentinamente, passam a ser considerado potenciais "salva-vidas".
Porém, esperem um pouco. Se a ciência é assim tão jovem, as alegações devem ser melhor examinadas para serem confiáveis. Por exemplo, manchetes recentes proclamam que os tomates protegem os homens contra câncer de próstata, o que dá origem a diversas questões, tais como quantos tomates e se o catchup também conta. E existe uma "dieta de prevenção do câncer de mama"?
Para ajudar a fornecer respostas para tais tipos de questões, iniciamos uma série de artigos super atualizados, sobre os principais alimentos fitoquímicos descobertos até o momento, qual a sua importância, como devem ser ingeridos e em qual quantidade, para que realmente sejam de utilidade para melhorar a nossa saúde.
Veja então, quais frutas e vegetais você deve pegar enquanto empurra o carrinho pelo supermercado.
O tomate
O produto fitoquímico mais estudado nos tomates é um carotenóide chamado licopene. Este composto, que torna os tomates vermelhos, pode prevenir o câncer de próstata. Um estudo de aproximadamente 48.000 homens relatado no Jornal do Instituto Nacional do Câncer (EUA) encontrou que homens que comiam 10 ou mais porções de tomates toda semana - sejam tomates frescos ou em forma de suco, molho ou pizza - apresentavam somente a metade do risco para o desenvolvimento de câncer de próstata que aqueles que comiam menos de 2 porções por semana. (Ah! o catchup também é rico em licopene!).
De acordo com o Dr. Edward Giovannucci, que estuda nutrição e câncer na Faculdade de Medicina de Harvard, os dados são muito fortes para cânceres do pulmão e do estômago também.
O licopene (ou alguma substância estreitamente relacionada a ele) pode também ser a razão de que o consumo de frutas e vegetais possa baixar o risco de doença cardíaca. Em um outro estudo, a epidemiologista da Universidade da Carolina do Norte, Dra. Lenore Kohlmeir e colegas, mediram e compararam os níveis de licopene de pessoas em 10 países europeus. Eles encontraram que aqueles com os níveis mais altos corriam somente metade do risco de sofrerem um ataque cardíaco.
Felizmente, para os amantes do molho de espaguete, o licopene ganha vida no calor e deve ser dissolvido em óleo para que o corpo o absorva. "Se você não comer coisa alguma além de um tomate fresco, com o estômago vazio", explica o Dr. Giovannucci, "você provavelmente irá absorver muito pouco licopene, pois ele é quase como fibra - ele irá somente passar através de você". O cozimento de um tomate fresco ou molho enlatado com um traço de azeite de oliva, todavia, impulsiona a quantidade de licopene que o corpo pode absorver em, talvez, 300 a 400%.
Pode-se fazer uma "overdose" de tomates? Provavelmente não. "Não há muitos efeitos nocivos de produtos de tomates, a menos que alguém coma somente pizza ou catchup com batatas fritas", diz o Dr. Giovannucci. Se você não for fã de tomates, outras boas fontes de licopene são a melancia e o mamão, apesar de não se absorver tanto licopene, pois essas frutas são consumidas cruas.
Brócules e seus primos
Vão-se acumulando evidências de que o brócolis e outros vegetais da mesma família (tais como repolho, couve-flor e couve de Bruxelas) diminuem o risco de muitos cânceres, incluindo os de pulmão, estômago e cólon. Em uma análise internacional de muitos artigos, 70% dos estudos sobre o repolho mostraram que ele reduz os riscos da doença, como o fizeram 67% dos estudos sobre couve-flor e 56% dos que envolviam brócolis.
As substâncias que tornam tais vegetais tão saudáveis, além das vitaminas que eles contêm, são os glucosinolatos. Um produto químico nesse grupo - chamado indole-3-carbinol (I3C) - pode prevenir o câncer de mama, agindo como uma forma benigna de estrogênio no corpo. De fato, uma pesquisa que vem sendo atualmente conduzida no Centro Strang de Prevenção de Câncer, na cidade de Nova Iorque, está examinando a possibilidade de se colocar o I3C em uma pílula para combater o câncer de mama. Entretanto, a despeito das alegações de um livro recente, que está entre os mais vendidos, é cedo demais para se dizer se este ou aquele elemento realmente protege contra a doença.
Os pesquisadores têm, também, focalizado sua atenção sobre um composto anti-câncer no brócolis, chamado sulforafane, um dos produtos químicos que dão a esse vegetal seu gosto picante. Comprovou-se que pequenos brotos de brócolis de três dias contêm de 10 a 100 vezes mais desse produto químico que os brócolis já com crescimento completo. Assim, para proteção máxima contra o câncer, seria conveniente colherem-se brócolis jovens e macios diretamente de seu jardim ou procurar brotos de brócolis em outras fontes. Todavia, o cientista de alimentação da Universidade de Massachussets, Fergus Clydesdale, Ph.D., que trabalhou quatro anos no Quadro de Conselheiros de Alimentos da Administração de Alimentos e Drogas (FDA), adverte que "é cedo demais para se focalizar a atenção em um único produto químico como a combatente chave contra o câncer. Não se sabe se o sulforafane é o componente ativo ou não".
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